Um famoso
especialista em mitos chamado Joseph Campbell explica que precisamos de modelos
para a vida, daí vem as lendas e os mitos. Surfistas, pescadores e marinheiros
possuem imagem mítica nas suas atividades. Mas o que faz do surfe um esporte
mítico? Uma onda, uma prancha e um surfista, tudo é muito simples, mas
carregado de significados.
Tecnicamente, a
onda é uma oscilação espacial de grandeza física. Quando uma destas oscilações
marítimas alcança a costa, a onda quebra na junção do mar com a terra. Além do
misticismo que envolve isto, as ondas do mar são um fenômeno natural dos mais
bonitos, assim como o vento ou a chuva, acontecem desde sempre e continuarão a
existir depois do ultimo ser humano tombar, indiferente a nós. Mudam sem parar,
conforme a hora do dia, a maré, a lua ou a época do ano. Diante de um fenômeno
destes, pegar uma onda pressupõe-se ficar à espreita, esperar, estudar suas
manhas e, em fim, domá-la. Surfar é um esporte ancestral, uma antiga comunhão
com a natureza.
A mitologia do
surfe possui diversos significados e transcende para um estilo de vida. Domar
ondas exige a mesma dedicação e qualidades das artes marciais, contemplação do
pescador e gingado da dança. Surfar pressupõe-se um longo ritual, controle do
corpo, concentração, coragem, paciência, e a recompensa é um momento sublime: montar
o cavalo de netuno.
O mito do surfe
vem de vários elementos presentes na vida de qualquer pessoa. A coragem de
enfrentar algo muito maior e mais forte que você, na astucia de aproveitar
correntes e canais para chegar até o objetivo, da meditação e paciência para
encontrar a oportunidade certa de descer onda, a desenvoltura de surfar e o
prazer de ter viver aquele momento. Estamos falando de surfe, mas todos passam
por desafios na vida, grandes empreitadas cheias de obstáculos, com um objetivo
maior que vale todo o sacrifício.
Daí vem o
respeito aos surfistas, pescadores e marinheiros, dái vem o mito escondido na
pratica do surfe.