quinta-feira, 28 de junho de 2012

"Magic Sam" e a revolução das pranchas de surf da década de 60

Como dissemos, George Greenouh inventou a quilha flexível tuna (rabo de atum), que possibilitava manobras e alta velocidade, quando associou-se com outro shaper inovador chamado Bob McTavish e juntos conceberam a "Magic Sam". Sam foi a prancha que mudou o surf nas décadas seguintes, com o fundo em V (Vee-bottom), monoquilha e tamanho menor que o convencional (entre os longboards e shortboards de hoje).

Nat Young com a " Magic Sam"



No entanto, teve um terceiro responsável pelo sucesso desta prancha, o Australiano Nat Young. Em 1966, Young viajou para São Francisco para competir no mundial de surf com a pranchinha nova. Young não só ganhou o campeonato, mas fez história pela forma como surfava e fazia manobras. Até então, ninguém via tubos, rasgadas, cut backs e outras manobras na mesma onda antes da Sam.



Nat Young surfando para o filme "The Morning of the Earth"


Após os anos 60, todas as inovações das pranchas foram inspiradas no shape, na quilha e outros designs da revolucinária Magic Sam.


Magic Sam e o novo surf.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Sobre quilhas modernas, barbatanas e a genialidade

Até o início da década de 1960 o surf tinha evoluído consideravelmente, com o surgimento de pranchas mais leves, menores, com boa flutuação, designs eficientes e as primeiras quilhas. Assim, os surfistas começaram a desenhar mais curvas nas ondas, entrar nos tubos (a tão desejada “green house”) e as vezes até sair de dentro! Eis que outro sujeito chega com inovações sem precedentes.

A prancha "Velo" abriu a porta dos tubos e do surf moderno

George Greenough é uma lenda viva! Este Californiano erradicado na Austrália foi mais um surfista que entrou para o hall da fama por suas invenções, idéias e estilo de vida. Ele construiu no final da década de 1960 uma prancha pequena (5’5, aproximadamente 1,5m) para surfar de joelhos, pois pensava eu assim teria maior mobilidade (considerando que as pranchas da época tinham 10 pés, aproximadamente 3 metro) e seria melhor para entrar no tubo. 

Greenough inovações simples e revolucionárias

A pranchinha de joelho (kneeboard) funcionou muito além das expectativas, e seu maior trunfo não era apenas o fato de ser pequena e leve, mas a inovadora quilha que possibilitava atingir maior velocidade, fazer curvas mais fechadas, entrar e sair do tubo. Esta prancha ficou conhecida como “Velo” e mudou o surf para sempre. A quilha de resina era flexível, inspirada na barbatana de peixes, especialmente do Atum. Não era apenas o desempenho desta prancha, mas o design deixava evidente a genialidade de Greenogh, simplicidade inspirada na natureza. Como ninguém tinha pensado nisso?




O surfista e inventor George Greenough, também é um cinegrafista que revolucionou os filmes de surf. Na década de 1960 e 1970 construiu uma câmera que se acoplava as costas, de onde registrou imagens e ângulos nunca vistos antes. Seus filmes mais famosos foram The Innermost Limits of Pure Fun e Crystal Voyager (veja abaixo). As imagens foram tão impactantes na época que acabaram sendo imortalizada pela banda Pink Floyd no disco Echoes e no filme The Endless Summer de Bruce Brown. (obs: procurem no youtube, imperdível!)

Crystal Voyager (1ª Parte) 

Tal como pessoas revolucionarias costumam ser, Greennough sempre foi um livre pensador. Sua família era rica e famosa nos EUA, no entanto, George dedica-se a uma vida simples voltada ao mar, e ficou famoso por nunca usar qualquer tipo calçado. Descalço, surfando de kneeboard, windsurfe, ou em sua famosa almofada inflável que, usando-a como bodyboard registrou muita das suas imagens mais famosas de ondas e tubo vistos de dentro, o cara não segue padrões. Além da famosa quilha de barbatana, suas pranchas e filmes, também desenvolve e constrói barcos e outros itens náuticos inovadores. 
Até onde se sabe, mora hoje em Byron Bay onde costuma ser visto surfando, velejando, pescando e fazendo jardinagem. Simplesmente genial...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Inovação das quilhas: a perspectiva do tubo

A evolução das quilhas são um capítulo a parte! Longe de laboratórios, engenheiros ou softwares avançados, a coisa aconteceu naturalmente. Isto porque a maior parte dos surfistas construíam suas próprias pranchas, acrescentando novidades e fazendo experiências próprias. Os modelos que deram certo foram ficando. Foi assim com as quilhas...

O surgimento das quilhas possibilitou surfar novas ondas
Robert Wilson Simmons (ou Bob Simmons) foi um sujeito que marcou a evolução das pranchas, desenvolvendo as quilhas como conhecemos, além de experiências misturando materiais como madeira, isopor, fibra de vidro e resina. Simmons começou a surfar em 1940 em San Diego, Califórnia, e 70 anos depois passou a ser considerado o ”pai” das pranchas de surf modernas.

As inovações das pranchas de Bob Simmons tinham um grande intuito, conseguir entrar no tubo e ficar lá por mais tempo possível. A prancha mais famosa e que resume tal evolução é a “sanduiche”, do finalzinho da década de 1940, feita com bordas em madeira balsa, bloco de isopor com duas tábuas de compensado (daí vem o nome), uma quilha central com formato arredondado, e tudo selado com fibra de vidro e resina.





A II Guerra Mundial ocasionou uma aceleração em termos de tecnologia, principalmente na indústria petroquímica, surgindo novos materiais como resinas, colas resistentes a água, fibra de vidro, etc. E quem diria, um surfista que ganhava a vida construindo pranchas usou toda tecnologia fomentada pela guerra para desenvolver um esporte paz e amor!


Carro-residência de Simmons.

Simmons escapou da guerra por causa de um problema que teve na perna quando jovem e aproveitou a sua liberdade para viver na mais pura essência do surf. Ele morou por muito tempo dentro de um Ford velho, adaptado para dormir e armazenar frutas e comidas. Apesar do desprendimento com dinheiro e posses, Bob foi um sujeito muito dedicado, que estudou a influência de marés, correntes e swells, para entender melhor as ondas e descobrir lugares bons para o surf. Infelizmente ele morreu aos 35 anos surfando um swell dos grandes. 



A morte de Simmons foi uma grande perda para o esporte, mas ao menos é melhor morrer surfando do que matando gente numa guerra.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A Invenção das Quilhas: movimento e direção

Até a década de 1930 o surf era restrito a poucos tipos de onda, pois quanto maior, rápida ou cavada, mais difícil manter a direção da prancha e evitar ser engolido pelo lip onda.

Fundo convexo fazia as vezes das quilhas
A estratégia dos construtores de prancha da época era fazer o botton convexo (fundo da prancha que fica em contato com a água), assim como o das canoas e embarcações maiores. Isto ajudava a manter uma linha reta na remada e na descida da onda, mas por outro lado, fazia a prancha desgarrar na curva ou perder velocidade. A ausência de quilha tornava impossível acompanhar a linha da onda, tomar velocidade e fazer manobras como as que fazemos hoje.

Experiência: fundo igual ao das canoas  


A perigosa quilha de metal, igual faca na manteiga













Em meados da década de 1930, dois surfistas da Califórnia procuravam meios para melhorar o desempenho das pranchas de madeira da época; um deles era Woody Brown, de San Diego, outro era Tom Blake, de Los Angeles. Mais tarde ambos entrariam para a história do esporte como surfistas, inventores e precursores surf moderno.

Estabilizador: a quilha da década de 1930 

Interessante foi que ambos não se conheciam, mas introduziram um estabilizador na rabeta, que possibilitou direcionar a prancha com maior precisão. Tom Blake levou a fama, mas tempos depois historiadores perceberam que foram ambos precursores das quilhas.
Os estabilizadores não eram como as quilhas de hoje, mas possibilitavam manter-se na linha da onda, afrente da espuma. O formato de barbatana das quilhas viria anos depois, com outras inovações, mas os precursores delas permitiram que novas ondas fossem exploradas e o surf avançasse enquanto esporte.  



Esta é apenas uma introdução à historia das quilhas. Tem muito mais por vir...