sábado, 26 de maio de 2012

Surf Club Hui Nalu e os primordios

Hui Nalu: o primeiro surf club.

No Brasil não fazemos muita ideias do que sejam os tais clubes de surf, visto que o esporte começou um pouco tarde por aqui e de forma espontânea. Os primeiros clubes nasceram no início do século XX, com a exploração turística do Havaí e a descoberta do surf por norte-americanos e europeus. A ideia de surf clube está ligada aos clubes de regatas ou clubes náuticos, onde o pessoal que curtia praticar esportes náuticos e aquáticos, se reunia para participar de competições ou simplesmente fazer a coisa junto. Assim, a galera da praia se unia e instituía um clube.

Surfe clubes se espalharam, reunindo a galera jovem das praias.

Na primeira década do século XX o Havaí estava se tornando uma importante rota turística norte-americana, e a praia de Waikiki era um dos pontos altos, com investimentos em hotéis e resorts. Alguns distintos senhores dos EUA e Europa se interessaram muito pelo esporte nativo havaiano que constituía em remar as milenares canoas polinésias, assim como descer ondas sem virar ou naufragar. Em 1808 estava formado o Outrigger Canoe Club, um clube havaiano formado somente de homens brancos.

Mas os havaianos deram seu recado no ano seguinte, quando o lendário surfista Duke Kahanomoku e seu colega Knute Cotrell formaram o Surf Club Hui Nalu, que significa “surfar junto”. O primeiro surf club era diferente dos clubes existentes até então, normalmente elitizados e formados somente por homens ocidentais. O Hui Nalu era composto por um misto de homens e mulheres, ocidentais e nativos, qualquer um interessado por surf e de boa índole tava dentro!


Surfe clubes da AUS, relação intima  com associação de salva-vidas até hoje.


Os clubes de surf se espalharam pela Califórnia e Austrália até a década de 1950, criando um ambiente muito próprio do surf, uma subcultura que atraia cada vez mais jovens. Coincidentemente, estes lugares possuem hoje estilos de vida mais ligado ao surf, a cultura beira-mar, além de formas de pensar mais abertas e flexíveis. Na Austrália, como já dissemos anteriormente (ver: Autralian Craw e o Continente do Surf), estes clubes tem uma história fundamental e até hoje fazem parte do dia-a-dia

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Técnica de construção de uma prancha Alaia da década de 1930

Inovações da década de 1930: talento nas ondas e na bancada de marcenaria.

A década de 1930 foi um período muito frutífero para o surf e o design de pranchas. Diferente de hoje, muitas vezes o surfista tinha que construir sua própria prancha, e por isso cada um experimentava uma técnica nova. Nesta época dois tipos de pranchas dominavam as praias do Havaí, California e Austrália: as pranchas de madeira ocas, tipo hollow e as Alaias, de madeira maciça. Estas ultimas tiveram uma contribuição da tecnologia da época. 
As colas de madeira  e vernizes resistentes a água possibilitaram a construção de pranchas do tipo Alaia muito melhores. Com estes componentes foi possível misturar madeiras e construir pranchas mais sofisticadas e funcionais. A madeira vermelha já era usada para construção de pranchas por ter boa flutuação e resistência, porém, a balsa sempre foi conhecida por ser a madeira mais leve e com maior flutuação disponível. A junção de propriedades de diferentes tipos de madeira trouxe novas possibilidades ao surf.

Medidas e técnicas para construção de uma prancha Alaia sofisticada

O interessante é ver como a prancha era montada a base de cavilhas (pinos de madeira), alternando tabuas de balsa e longarinas de madeira vermelha. O bico, a rabeta e as bordas eram unidos por encaixes muito precisos, complementando a junção feita com cola, e vernizes náuticos evitavam que a madeira encharcasse, ganhando peso e dilatando. O design também mudou, com formas mais arredondadas, facilitando a entrada da prancha nas ondas. O fundo arredondado seguia o conceito do casco de barcos e canoas, contribuindo para a aerodinâmica e para remada, porém, devia desgarrar em ondas rápidas, ainda mais sem quilha para segurar. 
Estas prancha foram muito utilizadas até a década de 1940 e 1950, quando outras inovações trouxeram melhorias, transformando a maneira de surfar.

terça-feira, 8 de maio de 2012

A prancha suástica e o princípio da indústria do surf

Propaganda das pranchas Swásticas na década de 1930

Como já dissemos em outras matérias, o surf se modernizou no início do século XX. Também sabemos que muitos shapers contribuíram para a evolução das pranchas de surf e grandes surfistas popularizaram o esporte por sua atitude dentro e fora d’água. Mas a industrialização do surf é outra história que aconteceu consecutivamente a tudo isso.
Na década de 1920, assim como o lendário Tom Blake, outro californiano envolveu-se com o surf havaiano. Meyers Butte era filho de um industrial dono da maior empresa de construção de casas pré-fabricadas do mundo, a Pacific System Ready Cut Homes. Após a crise de 1929, o filho do empresário aproveitou a estrutura da indústria familiar para um novo empreendimento, a Swastika Hawaiian Surf Board.

Modelos de prancha da década de 1930: modelo Swastica, Hollows e Alaias.

As pranchas Swástica eram de vários modelos, podendo ser do tipo hollow (ocas) voltadas aos adeptos de longas remadas, mas o estilo alaia (maciça) mais adaptadas para descer ondas tornou-se o mais popular. A maior inovação veio com a descoberta de colas que suportavam a humidade, permitindo a construção de pranchas com madeiras de diferentes propriedades. A vantagem de misturar madeiras como a balsa e a redwood (madeira vermelha, semelhante ao cedro) era a união de propriedades como flutuação, leveza e resistência. Dessa forma, a prancha de surf ficou mais bonita, funcional e acessível à população, tornando-se uma febre em muitas praias da California e do Havaí.

E nasce o "crownd"!

O curioso é que o símbolo das pranchas Swástica não tem nenhuma relação com o nazismo e, aliás, definia muito bem a essência do surf. Este é um signo existente a milhares de anos e encontrado em diversas civilizações, sempre denotando sorte, prosperidade, pessoas afortunadas, que receberam dádivas ou alcançaram o mais alto nível espiritual (muitas imagens de Buda tem a suástica). No entanto, com a II Guerra Mundial a suástica, usada por tanto tempo por hinduístas, budistas e tantos outros mensageiros da paz e do bom censo, tornou-se o símbolo maior do nazismo.

Imagem de Buda: símbolo da suástica tinha outro significado antes do nazizmo.


 Logo a Swastika Hawaiian Surf Board mudou o nome para Waikiki Surfboards e continuou vendendo pranchas até o inicio da década de 1950. Interessante é perceber que a primeira indústria relacionada ao surf procurou vender mais do que pranchas, mas também uma “essência” ou um “estilo de vida” contido no esporte, que se tornaria motor para a ampliação deste mercado ao longo dos anos.