terça-feira, 8 de maio de 2012

A prancha suástica e o princípio da indústria do surf

Propaganda das pranchas Swásticas na década de 1930

Como já dissemos em outras matérias, o surf se modernizou no início do século XX. Também sabemos que muitos shapers contribuíram para a evolução das pranchas de surf e grandes surfistas popularizaram o esporte por sua atitude dentro e fora d’água. Mas a industrialização do surf é outra história que aconteceu consecutivamente a tudo isso.
Na década de 1920, assim como o lendário Tom Blake, outro californiano envolveu-se com o surf havaiano. Meyers Butte era filho de um industrial dono da maior empresa de construção de casas pré-fabricadas do mundo, a Pacific System Ready Cut Homes. Após a crise de 1929, o filho do empresário aproveitou a estrutura da indústria familiar para um novo empreendimento, a Swastika Hawaiian Surf Board.

Modelos de prancha da década de 1930: modelo Swastica, Hollows e Alaias.

As pranchas Swástica eram de vários modelos, podendo ser do tipo hollow (ocas) voltadas aos adeptos de longas remadas, mas o estilo alaia (maciça) mais adaptadas para descer ondas tornou-se o mais popular. A maior inovação veio com a descoberta de colas que suportavam a humidade, permitindo a construção de pranchas com madeiras de diferentes propriedades. A vantagem de misturar madeiras como a balsa e a redwood (madeira vermelha, semelhante ao cedro) era a união de propriedades como flutuação, leveza e resistência. Dessa forma, a prancha de surf ficou mais bonita, funcional e acessível à população, tornando-se uma febre em muitas praias da California e do Havaí.

E nasce o "crownd"!

O curioso é que o símbolo das pranchas Swástica não tem nenhuma relação com o nazismo e, aliás, definia muito bem a essência do surf. Este é um signo existente a milhares de anos e encontrado em diversas civilizações, sempre denotando sorte, prosperidade, pessoas afortunadas, que receberam dádivas ou alcançaram o mais alto nível espiritual (muitas imagens de Buda tem a suástica). No entanto, com a II Guerra Mundial a suástica, usada por tanto tempo por hinduístas, budistas e tantos outros mensageiros da paz e do bom censo, tornou-se o símbolo maior do nazismo.

Imagem de Buda: símbolo da suástica tinha outro significado antes do nazizmo.


 Logo a Swastika Hawaiian Surf Board mudou o nome para Waikiki Surfboards e continuou vendendo pranchas até o inicio da década de 1950. Interessante é perceber que a primeira indústria relacionada ao surf procurou vender mais do que pranchas, mas também uma “essência” ou um “estilo de vida” contido no esporte, que se tornaria motor para a ampliação deste mercado ao longo dos anos.
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